Diversidade e Representatividade: Uma História Brasileira - Parte 1

retângulo verde com textos em branco e foto de Mara Kiefer

Por que falar de diversidade?

Hoje a pauta diversidade está com sua popularidade em alta, falamos de diversidade nas redes sociais, em manifestações, em campanhas institucionais das empresas, em seus produtos e serviços, em ações de engajamento das pessoas.

O primeiro ponto a ressaltar é que para falarmos em diversidade e entender seu movimento ou a falta dele, é preciso conhecer a realidade brasileira. Para começar é importante lembrar como nós, a população brasileira, estamos formados. Nossa população é formada por diversos grupos étnicos que se misturaram entre si, os principais são indígenas, africanos, europeus e asiáticos. Esses grupos também trouxeram em sua bagagem, suas bagagens…ou suas múltiplas referências culturais, valores e religiosidade e que quando se estabeleceram aqui, também se misturaram. Somos um país com grande diversidade em sua população.

Essa miscigenação não aconteceu toda ao mesmo tempo, até aqui levou pouco mais de cinco séculos e não para, porque é orgânica e contínua, agregando novas pessoas, de várias outras nacionalidades ou etnias, em um modo contínuo de convivência.

E quem somos nós?

Segundo dados do Censo do IBGE 2010 e suas projeções, hoje nossa população é formada por 209,5 milhões de pessoas e dentro desse contexto somos:

Alguns dados podem estar subestimados, mas temos fatos importantes demonstrados nessa estatística?

Sim e é fundamental observarmos. As mulheres e as pessoas negras e pardas são maioria em nossa população e temos os demais grupos, todos recebem tratamento de minorias.

O que tem em comum todos os grupos?

Fazemos parte da sociedade brasileira e por isso temos direitos garantidos, por nossa constituição de 1988, entre eles:

Art. 1º

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

Art. 3º

I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;

IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Art. 4º

II - prevalência dos direitos humanos;

Art. 5º

I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;

III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;

XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer;

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.

Quando olhamos para os grupos dos quais fazemos parte e nossos direitos constitucionais, pergunto…todos nós brasileiros temos a liberdade de viver em plenitude todos nossos direitos e somos respeitados em seu exercício?

Nós somos desiguais ou vivemos em desigualdade? De qual desigualdade estamos falando?

Qual o significado de desigualdade?

O Google nos ajuda com duas definições:

Substantivo feminino:

1. caráter, estado de coisas ou pessoas que não são iguais entre si; dessemelhança, diferença.”d. de alturas”

2. ausência de proporção, de equilíbrio. “d. de idade, de forças”

As pessoas são diferentes, pensam diferente, tem desejos e sonhos diferentes, desenvolvem talentos diferentes, tem valores diferentes e culturas diferentes é uma forma de desigualdade, somos “dessemelhantes.”

Então sob esse ponto de vista temos a desigualdade que nos torna diferentes entre nós , portanto somos singulares e a desigualdade que resulta do desequilíbrio de proporção, que encontramos, por exemplo na oferta de oportunidades para alguns e não para outros.

Qual a diferença entre as desigualdades? A diferença é a oportunidade e ela estar disponível e acessível para todas as pessoas.

Todos nós temos as oportunidades disponíveis e acesso à elas, em igualdade de condições para todas as pessoas, a fim de que cada um de nós possa escolher o que melhor se adequa aos nossos sonhos, valores, talentos, propósito, cultura, para enfim escolhermos se as queremos ou não?

A falta de oportunidades, em igualdade de condições para que todas as pessoas possam fazer suas escolhas, em função de sua singularidade, traz a desigualdade social.

Somos uma sociedade que desrespeita, viola e manipula os direitos constitucionais disponibilizando-os para alguns, segundo critérios próprios e desconhecidos, transformando-os em privilégios, impedindo aos demais o acesso a esses direitos.

Mara Ligia Kiefer é Profissional de Comunicação e Marketing, atuou por 20 anos com criação e gestão de eventos técnicos como cursos, seminários, workshops, fóruns e feiras. Por sete anos trabalhou na Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e do Trabalho nas área de comunicação e parceiras co-criando, com a iniciativa privada e OCIPs projetos de capacitação, inclusão e empreendedorismo, de jovens de baixa renda e pessoas com deficiência para o mercado de trabalho.Apaixonada pela causa, desde 2013, atua como consultora e líder de projetos de inclusão pela i.Social e Social IN.

Leia a Parte 2 desta reflexão: “Diversidade e Representatividade: Uma História Brasileira - Parte 1, por Mara Ligia Kiefer”