O Jovem no Mercado de Trabalho

retângulo vermelho escuro com textos em branco e foto de Jamile

Falar de inclusão do jovem no mercado de trabalho talvez seja chover no molhado, se eu fosse falar sob o ponto de vista de Recursos Humanos ou pelo viés da Educação. Melhores faculdades, melhores cursos, melhores isso ou aquilo.

Mas esse não é o meu lado da moeda!

Meu olhar é para o quanto os pais têm influência nesta inclusão. O quanto servem de exemplo ou o quanto educam seus filhos para esse momento. Sim, toda escolha na hora de educar seu filho tem um motivo transparente ou não, consciente ou não.

O que mais vejo nos meus atendimentos em Orientação Profissional e Roda de Pais é uma cobrança enorme para que esses adolescentes tratados como crianças até ontem virem jovens adultos hoje.

Os filhos, pela ótica dos seus pais, precisam cumprir aquilo que estava “previsto” para serem!

Sim, os pais começam a criar expectativas desde o primeiro momento da formação, ali, ainda no ventre da mãe. Os sonhos, os desejos, as frustrações, todo seu inconsciente enquanto formadores de um ser humano está trabalhando e crescendo junto com aquele bebê.

“Eu desejo sempre o melhor”, “Desejo que ele seja feliz” e assim por diante. Tem também outras frases como “Vou abrir uma empresa para que ele já comece a trabalhar comigo, assim não precisa procurar emprego!”, por exemplo.

E quem disse que seu filho quer trabalhar com você? Claro que isso pode acontecer com sucesso. Mas, na maioria das vezes, gera uma frustração ou descontentamento muito grande entre os dois lados. E, ao longo dos anos, isso se torna um buraco existencial, preenchido de diversas formas. Filhos herdam uma empresa rentável e finalmente se livram dela, vendendo-a ou colocando alguém para gerir. E assim, sem culpa, vão buscar aquilo que os deixam mais felizes.

No fundo, lá no fundo mesmo, de verdade, o que os pais mais querem é que os filhos não tenham problemas em conseguir um emprego para que se auto sustente. Ser feliz é algo para boas frases de efeito, mas que não fazem parte da realidade de algumas pessoas. E não fazem mesmo porque as gerações anteriores não puderam se preocupar com isso. O auto sustento era a coisa mais importante naquele momento. Talvez ainda seja. Mas junto está também a vontade de fazer a diferença, de entregar algo melhor para o mundo. Deixar um legado. Alimento para o corpo e para a alma.

Vou aproveitar o exemplo e dizer que, quando super protegemos demais nossos filhos, tiramos deles o aprendizado da sobrevivência, da luta, da força e por consequência da autoconfiança, maturidade e autorresponsabilidade.

Com tudo isso, fica claro que prepará-los para a inclusão no mercado de trabalho é uma construção. É todo dia. Esse amadurecimento advém das experiências, da colaboração, da contribuição para resolver problemas e das escolhas aparentemente erradas!

Não estou falando da educação formal, mas da inteligência emocional. Do que nos tornamos.

Essa transição do final do Ensino Médio para o mercado de trabalho pode gerar insegurança no adolescente, mas será menor se ele for incentivado e apoiado em várias fases do seu crescimento.

Essa nova fase é aquela em que é necessário sair da zona de conforto, quebrar a casca e obter novos ganhos com suas próprias experiências. Se abrir para o novo que está por vir.

Mas será que ele vai ser feliz com isso?

Agora, não é mais problema seu! Ele cresceu!

Jamile Dertkigil é palestrante e coach de transformação pessoal e carreira, com pós graduação em Psicologia Positiva. Fundadora da Kriya Desenvolvimento Pessoal e facilitadora de alguns programas como o Roda de Pais e Pangea. É publicitária, facilitadora de Design Thinking e empreendedora por mais de 20 anos.