Covid-19: Como convencer pessoas mais rebeldes a usarem máscara e manterem o distanciamento social – induzindo à prática da empatia

ilustração de homem, mulher e criança juntos com máscara facial e um vírus à direita deles

Pessoas são mais suscetíveis a seguirem os protocolos de segurança contra o Covid-19 quando são confrontadas com dados sobre os riscos de contrair o vírus, declaram pesquisadores.

Dizem que tudo gira ao redor da empatia quando o assunto diz respeito a “sermos humanos” (concordo! rs). De acordo com as descobertas de um novo estudo, ela também pode salvar vidas.

Os pesquisadores do estudo da Universidae Aarhus, na Dinamarca, descobriram que ter empatia por pessoas em situação de vulnerabilidade ao Covid-19 (incluindo os de mais idade e com doenças ou transtornos) se traduz em procurarmos manter mais distanciamento físico e usar máscaras com mais frequência, ajudando a controlar o avanço das contaminações do “novo coronavírus”.

“Mostramos que empatia pelos mais fragilizados é um importante fator e que pode ser usado de forma ativa para combater a pandemia”, disse um dos coautores do estudo, Stefan Pfattheicher, um professor do Departamento de Psicologia e de Ciências Comportamentais da Universidade Aarhus (Aarhus BSS). “Acredito que formadores de opinião possam usar desse novo conhecimento nos esforços de se conseguir mais adeptos às regras e políticas sanitárias e, por consequência, salvar mais vidas”, adicionou.

O estudo foi publicado em Setembro de 2020, no jornal Psychological Science.

Empatia pode ser provocada em pessoas

Empatia pode ser definida como a capacidade de perceber e processar emoções e experiências de outras pessoas de uma forma que nos leva a termos uma resposta compassiva, explica Helen Riess, professora de psiquiatria na Universidade de Harvard.

Para a realização do estudo, o time de pesquisa testou inicialmente a correlação entre a empatia dos participantes e suas atitudes em relação ao distanciamento social.

O teste feito usou dois tipos de questionários nos Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha. Os participantes foram solicitados a avaliarem seu nível de preocupação em relação a pessoas mais suscetíveis aos coronavírus numa escala de 1 a 5. Na sequência, era perguntado à amostra sobre quão dispostos estavam a evitar o contato social por conta do vírus.

A relação é clara. Os autores constataram que: maior o grau de empatia, maior o foco na redução de contato social.

Um outro achado interessante, segundo os autores, é que se pode provocar empatia entre as pessoas e, consequentemente, fazer com que elas sigam os protocolos de segurança contra o Covid-19 através do uso de máscaras, por exemplo.

Estimulando empatia nas pessoas

Em um experimento realizado com um grupo controle, os pesquisadores avaliaram a pré-disposição dos participantes do estudo a seguirem duas recomendações. Parte do grupo foi informada exclusivamente sobre as consequências de seguirem com as recomendações e um outro grupo foi apresentado a alguma pessoa sob grande probabilidade de contrair ou falecer por conta do Covid-19.

A evidência foi visível. Quando as pessoas ouviam histórias de pessoas sofrendo dos efeitos do Covid-19 elas manifestavam índices maiores de empatia e uma pré-disposição mais alta de seguirem o distanciamento e o uso de máscaras.

“Nossos resultados sugerem que precisamos ouvir histórias reais de pessoas sofrendo por conta do vírus. Não é suficiente apenas dizer apenas para as pessoas usarem máscaras e a manterem distanciamento para o bem-estar de grupos vulneráveis”, comentou Pfattheicher. “Se somos confrontados por uma pessoa específica que seja um alvo mais provável ao Covi-19, é visível que nossa empatia se fortalece e que ficamos mais propensos a seguimos as orientações”.

Michael Bang Petersen, professor no Departamento de Ciências Políticas e coautor do estudo, adicionou: “Nossa recomendação é que dirigentes e formadores de opinião incorporem esses aprendizados através do uso de uma comunicação mais empática para a população”.

Texto original em inglês de Zakiyah Ebrahim, do website “Health 24” e traduzido por Rodrigo Credidio.