Vacine-se agora

ilustração de um cartaz bege claro com empatia escrito em vinho no topo e uma seringa ao centro

Um novo ano começou em meio a uma pandemia e tanta intolerância e violência nos meios de comunicação. O momento em que vivemos é ímpar. Doloroso para muitos de nós. Mas também é uma excelente oportunidade de renovação, de ressignificação, de fazer diferente. As grandes reviravoltas da nossa história humana sempre foram antecedidas por catástrofes, guerras, quedas… Que tal então olhar com carinho e repensar a diversidade humana presente na empresa em você trabalha? Faça o teste do pescoço. Olhe para a direita. Olhe para a esquerda. Consegue ver pessoas negras ou pardas? Acima de 60 anos de idade? Com deficiência? De identidades de gênero e orientações distintas da sua? Este teste é infalível e nos traz uma importante “fotografia” de como a diversidade é tratada pela liderança.

Se cada um de nós questionarmos o status quo e pressionarmos por mudanças em prol de ambientes mais diversos, com mais representatividade, certamente, ao final do dia, veremos organizações e líderes mais inclusivistas. Também veremos os líderes racistas, capacitistas, machistas, xenofóbicos, homofóbicos, é verdade. O que é bom! Separar o joio do trigo até para que as pessoas poderem: “é nesta empresa em que quero trabalhar mesmo? ela compartilha dos mesmos valores que eu?”. Se você não tiver a convicção de que terá dois SIM, talvez seja a hora de rever a coisa toda.

Por anos temos negligenciado aquelas pessoas que não nos assemelham. Por séculos, temos oprimido, sufocado, excluído e até matado irmãs e irmãos só por não serem da nossa “tribo’. Basta! Essa pandemia veio para parar o mundo mesmo e fazermos repensar nossas vidas, o que fazemos ou falamos para a construção de um mundo melhor e mais evoluído.

A conta sempre chega. Não adianta reclamar ou ignorar essa reflexão tão necessária para que, de uma ver por todas, saibamos conviver em comunidade, na coletividade. Caso contrário, alicerçaremos mais uma Torre de Babel onde ninguém se escuta, onde ninguém se suporta.

Há mais de 2 mil anos que vivemos a pandemia da violência. Muito sangue derramado em nomes de coisas passageiras, transitórias, materiais. As pandemias virais que já assolaram o planeta Terra só tiveram um propósito em comum: parar o bicho-humano de sua campanha predatória, caçadora, julgadora, degradadora. Quantas pandemias mais precisaremos para que “caia essa ficha”?

As vacinas são mais que bem-vindas. São imprescindíveis. E têm tido esse papel de salvar a humanidade desde sempre. Mas tem uma vacina que não é desenvolvida em laboratório algum e que não se encontra em postos de vacinação do SUS. Esta vacina se chama empatia. Capaz de prevenir e até curar a pandemia da violência. Mas, para que haja a imunidade de uma determinada população, é preciso que haja um percentual alto de pessoas que tenham sido vacinadas. Dependendo do vírus ou bactéria, este percentual pode variar de 70% a 95% de pessoas que receberam as doses da vacina. Só assim para que todas as pessoas fiquem protegidos, incluindo aquelas que não foram imunizados por alguma razão. Quando a cobertura vacinal atinge boa parte da população, fala-se em imunidade de rebanho ou imunidade coletiva. Com a empatia funciona da mesma forma. Não basta eu, você e o vizinho praticarmos a empatia. Ela precisa virar um ritual diário da maioria de uma população. Se isto ocorrer, podemos atingir uma “imunidade à violência”.

“Ah, mas isso aí é impossível acontecer. É coisa de sonhador. Muito romantismo e pouca prática”, podem pensar. Se pensarmos desta maneira, assim será. Agora, se começarmos dentro de casa a ouvir mais, a conversar mais e a julgar menos, estaremos fazendo a nossa parte. E se cada pessoa fizer isso dentro do seu lar, ao final do dia seremos uma multidão promotora de paz, respeito, amor. E, neste dia, estaremos muito perto da nossa cura.

Foto: Ooceey (Pixabay)