O conceito de deficiência é amplamente trabalhado e discutido pela sociedade na atualidade. Todavia, na Antiguidade, deficiência era sinônimo de improdutividade. A limitação era parte integrante do fazer e das habilidades das pessoas. Aqueles que tinham alguma deficiência eram isolados e retirados do convívio social.

Com o passar do tempo, muitas discussões foram sendo feitas e trabalhos foram sendo organizados para comprovar que a deficiência era parte integrante do sujeito. Penso eu que de nenhum modo podemos dizer e assumir o pensamento retrógrado exprimido antigamente; mas sim, a deficiência coloca a pessoa com algumas características e especificidades que devem ser consideradas.

No meu entendimento, o pensamento que traz a pessoa com deficiência para a participação na sociedade respeitando as suas limitações e trazendo a estimulação como ferramenta de aumentar o potencial é a “Inclusão”. Eu acredito que a inclusão venha proporcionar que a pessoa com deficiência seja parte daquele processo, sendo ele um processo educacional, de trabalho ou de diferenciação de identidade, no caso, a relação com a família.

Creio que o movimento inclusivo precisa ser entendido de maneira não isolada considerando todo contexto que a pessoa com deficiência está inserida. Por exemplo, a família precisa ser ouvida através de uma escuta ativa por profissionais de diferentes áreas. Aí está a importância da equipe multidisciplinar. A escola e as empresas precisam adaptar-se às necessidades para o aprendizado e para as questões de trabalho. Nesse momento, temos os psicopedagogos olhando para a escola e a metodologia de emprego apoiado, por exemplo, como uma alternativa para auxiliar as empresas numa inclusão mais efetiva do profissional com deficiência.

Todas essas alternativas compõem ações inclusivas, pois visam fazer com que a pessoa com deficiência se torne parte do processo de vida. De sua própria vida.

Portanto, deficiência e inclusão são conceitos que não se devem dissociar. Um está atrelado ao outro e precisa ser assim. Eu, enquanto profissional e pessoa com deficiência, sei que a inclusão é muito importante para o entendimento da minha própria deficiência e do meu próprio potencial.

Pedro Paulo Zogbi é formado em psicologia e especialista em educação inclusiva e deficiência intelectual pela Faculdade de Educação da PUC São Paulo e especialista em Gestão Estratégica de Pessoas pelo Centro Universitário Senac. Tem experiência em recrutamento e seleção de pessoas com deficiências e atuação com Programas de Responsabilidade Corporativa em Diversidade. Atua como psicólogo e consultor em RH e treinamentos corporativos.