O impulso para a diversidade, inclusão e igualdade no local de trabalho não é uma moda passageira, mas sim uma mudança radical da qual todas as empresas precisam fazer parte. Com o benefício de também impactar positivamente toda a sociedade. Não basta as empresas usarem as redes sociais para abraçar o “Vidas Negras Importam”, igualdade de gênero e causas semelhantes. O que realmente faz diferença é incorporar a diversidade e a inclusão na cultura da empresa.

Aqui está um fato surpreendente: de acordo com uma pesquisa recente da Deloitte, 72% dos entrevistados disseram que sairiam ou podem pensar em deixar uma organização por outra que considerem “mais inclusiva”.

No entanto, há uma maneira de melhorar a inclusão, de forma mais estratégica - e ela está na base da organização. Estamos falando, claro, da “cultura” estabelecida.

A força da cultura organizacional pode e deve posicionar-lhe para o futuro, mas a criação de uma cultura forte não acontece por acaso. É intencional. E isso significa que você precisa de um plano para chegar lá.

Defina como deseja que sua cultura seja. Essa visão começa no topo, mas muitas vezes as melhores ideias vêm de baixo. Dito isso, é fundamental para a liderança sênior acreditar na inclusão e agir de acordo. Se você é quem define e implementa as políticas, é importante que sua crença seja genuína para que seu pessoal a promova.

Descreva os pontos fortes da sua cultura. Você já tem coisas boas trabalhando a seu favor, então identifique-as. Reúna o seu pessoal e use pesquisas e grupos focais para coletar ideias sobre como melhorar a diversidade e a inclusão.

Defina os comportamentos necessários. Para que cada iniciativa seja implementada, é importante definir comportamentos específicos que você deseja ver. Liste-os. Comunique-os. Promova-os.

Fique atento aos bloqueios. Provavelmente não será fácil (a mudança nunca é), mas quando você conhece as objeções, você tem o poder de superá-las. Normalmente, os líderes são resistentes a mudanças porque estão céticos devido a tentativas de mudança fracassadas ​​do passado, ou porque não entenderam ainda os motivos de se buscar maior diversidade e inclusão.

É fundamental minimizar esses bloqueios ou as chances de sucesso serão pequenas. E é através de uma boa e constante comunicação que essas objeções são eliminadas.

Agora que você tem uma nova perspectiva sobre diversidade e inclusão e entende que uma cultura empresarial sólida é fundamental para o sucesso organizacional, o que fará com ela?

Aqui estão algumas ideias que podem te ajudar a iniciar o processo de mudança:

1) Crie uma cultura livre de interrupções. Em todos os setores, as mulheres relatam que são frequentemente interrompidas ao falar em reuniões (manterrupting). E quando apenas um grupo se sente autorizado a conduzir a conversa, pode ser difícil para pessoas mais introvertidas e minorias falarem. Isso aumenta a probabilidade de sua equipe cair no “pensamento de grupo” e perder perspectivas importantes.

2) Faça uma profunda avaliação da sua folha de pagamentos, analisando por raça ou gênero, por exemplo. Oferecer salários iguais e eliminar as disparidades são duas etapas essenciais para remover a discriminação no local de trabalho. Tenha certeza de que existem critérios claros e objetivos para toda e qualquer diferença existente.

3) Mude a maneira como você fala sobre atividades de diversidade e inclusão. Reveja sua comunicação. Você acha que alguém quer se sentir como um “contratado pela diversidade” que uma empresa está “incluindo” em sua organização? Ou todos querem experimentar o pertencimento que vem de trabalhar em uma organização verdadeiramente equilibrada, onde ninguém se sente rotulado ou desconfortável? Em vez de falar de diversidade, que enfatiza as diferenças, comece a falar de pertencimento, que dá espaço para que todos assimilem e apoiem uns aos outros. E certifique-se de abordar tudo com essa mentalidade - a linguagem inclusiva deve estar em todas as comunicações da sua empresa, não apenas nas mensagens que falam de Diversidade e Inclusão.

De qualquer forma, um dos movimentos mais fortes que podemos fazer em direção a uma sociedade igualitária é simplesmente falarmos mais sobre a construção de locais de trabalho igualitários. Os benefícios de criarmos uma cultura coletiva de igualdade, diversidade e inclusão são tão impactantes que não podemos deixar de agir, e o momento é agora.

Fábio Seghese é graduado em Engenharia pela ESALQ/USP, com MBA em Gestão de Negócios pelo INPG. Tem mais de 20 anos de experiência como executivo de grandes empresas. É pesquisador da Psicologia Positiva, Inteligência Emocional e Liderança Positiva, e sócio-fundador da Humano Mais Consultoria de Desenvolvimento Organizacional.