Deficiência x Eficiência

sobre fundo degradê verde, título Vozes Inclusivas em branco e foto de Billy à direita

Comecei minha carreira quando uma amiga, por volta de 1993, olhou para mim e disse que eu deveria fazer magistério, pois tinha muita facilidade de relacionamento com crianças.

Na época, eu tinha uma academia e, aos sábados, juntava um grupo de umas 40 crianças e dava aulas de teatro. Na verdade, eu nem sabia o que era magistério. Fui pesquisar e descobri que era o curso que te habilitava a lecionar como professor.

Inscrevi-me em três escolas públicas e fui aprovado. Escolhi uma e comecei minha trajetória na educação. Quando eu fui fazer estágio, sempre era elogiado pelas professoras (hoje todas são minhas amigas). Então, achei que realmente eu tinha talento para ser professor.

Terminei o magistério em 1998 e, antes mesmo de concluir meus estudos, prestei concurso público e fui aprovado. No ano de 2000, assumi minha primeira sala na prefeitura de São Paulo. Percebi que os alunos com deficiência eram vistos como coitadinhos e eu me desafiei a mudar essa realidade.

Especializei-me e mais que isso, me humanizei e sempre me coloquei no lugar do outro. Capacitei-me para ser um descobridor de potencialidades dentro da especificidade de cada pessoa.

Meu método de trabalho é o que valoriza o outro, que respeita que acolhe que oportuniza. Digo que o verbo da inclusão é oportunizar.

Você pode estar se perguntando: “de que forma ele ajuda na inclusão de pessoas com deficiência a terem acesso à educação?”

Bem, o primeiro ponto é pensar na questão da idade dessas pessoas com deficiência. Assim como todas as outras pessoas sem deficiência, pessoas com deficiência têm seus direitos de acesso à educação garantidos por lei, e também ao Atendimento Educacional Especializado (AEE).

Agora, quando falamos de jovens e adultos com deficiência é outra história, pois não existe mais a questão da obrigatoriedade de estarem matriculados em uma escola. Infelizmente, temos muitos casos de pessoas com deficiência que abandonaram sua trajetória educacional, por inúmeras questões, e que na fase adulta resolvem retomar seus estudos, quando acolhidos e respeitados.

Ao longo de minha trajetória de 13 anos atendendo jovens e adultos com deficiência excluídos do ensino regular, sempre procurei descobrir as potencialidades desse público para assim verificar as possibilidades de atendimento e os encaminhamentos que realmente seriam significativos na vida de cada uma dessas pessoas.

Levando-se em consideração que por conta da idade já possuíam outros interesses, busquei ampliar meu olhar para além da sala de aula como, por exemplo, encaminhando para atividades de esporte, cultura, lazer e principalmente para o mercado de trabalho. Para isso sempre busquei parcerias.

Como diz meu amigo André Gravatá, “a escola possui uma podência”, sim “podência”, mistura de poder com potência.

E eu, acredito no poder transformador da educação.

Billy de Assis é Pedagogo, Psicopedagogo, Especialista em Deficiência Intelectual. É Professor de AEE (Atendimento Educacional Especializado), Conselheiro Municipal em Direitos Humanos, Educador Comunitário. Além disso, é Terapeuta Holístico, Agente Multiplicador de Energia Positiva (Life Coach), Hipnoterapeuta e Facilitador de Barras de Access. Atualmente, está se especializando em: Gestão Escolar, Literatura Infantil e Neuropsicopedagogia.

Assista também:

Billy no TED

Billy no Programa “Diversidade Cidade”, da TV Câmara