Jogo que reflete diversidade na família é lançado com financiamento coletivo

foto de cima pra baixo do baralho ao lado de adesivos coloridos do projeto

Um financiamento coletivo por meio da plataforma Catarse, desde 20/4, vai viabilizar o lançamento da adaptação do jogo de cartas 7famílias pela empresa \uia/, com intuito de aumentar a representatividade de tipos de famílias brasileiras retratadas pelos jogos, atualizando a estética de brincadeiras tradicionais.

Similar ao jogo cacheta, o 7famílias é um baralho com 35 cartas, divididas em 7 famílias (naipes), com 5 membros cada. Cada grupo de mesmo naipe representa uma família com variedade de corpos, gêneros, raças e etnias, incluindo minorias e pessoas com deficiência.

Cada grupo (naipe) foi desenhado por sete ilustradores de diferentes histórias de vida e regiões do Brasil, que foram convidados especialmente para o projeto e são também diversos entre si: LGBTQIA+, hétero, trans, negro, indígena, pessoa com deficiência. Eles levaram, ao processo de criação dos personagens, suas próprias referências e visões de mundo, além dos toques estilísticos. Uma das ilustradoras é Natalia Lobo, indígena Tupinambá, que fez sua criação inspirada na própria família.

As contribuições, a partir de 20 reais, serão destinadas à impressão dos jogos. “Que mensagens queremos passar hoje para construir um futuro com mais equidade? Com o 7famílias, queremos atualizar o discurso e a estética de jogos simples e outras experiências lúdicas, trazendo aspectos como gênero, raça e etnia para o dia a dia, mesmo que de forma sutil”, revela Marina Takejame, uma das idealizadoras do projeto.

Memória e pandemia

O jogo 7famílias pode ser aplicado como treino de atenção e memória e estimula o pensamento estratégico, abordando ao mesmo tempo a pluralidade e reforçando a naturalização da diversidade. É também entretenimento dentro de casa durante o período de distanciamento social em função da pandemia. “Uma forma de entreter e aproximar quem está isolado junto dentro de casa, com distração e diversão, e com imagens que fortalecem a diversidade e a inclusão”, comenta Thays Leonel, idealizadora do projeto.

dois montes de baralho virados pra baixo ao lado de algumas cartas ilustradas

A \uia/

O jogo 7famílias, de origem francesa e de domínio público, foi adaptado pela empresa \uia/, criada em janeiro de 2020 por Marina Takejame, relações públicas de Jundiaí/SP, e Thays Leonel, designer gráfica de Itapetininga/SP. Elas decidiram apostar em um pequeno negócio próprio aderente às suas causas, acreditando no poder dos jogos como ferramenta de transformação social. O nome da empresa provém das vogais da palavra “lúdica”. O objetivo da \uia/ é confeccionar jogos voltados para públicos de várias idades afastando-os dos estereótipos presentes nos jogos tradicionais e retratando a diversidade, abrindo diálogos com crianças e adolescentes.

“Jogos tradicionais, que marcaram e moldaram gerações, abordam um único modelo de família: branca, com esposa, marido e filhos, todos magros de cabelo liso. É o caso do Jogo da Vida. Só que família pode ser quem a gente quiser. Queremos trazer não só empatia para a causa da diversidade, mas uma estética diferente, afastando-se de clichês como azul para meninos e rosa para meninas. Queremos quebrar barreiras, sair da bolha. Queremos ajudar que as crianças cresçam com exemplos reais, para que se tornarem adultos mais conscientes”, diz Marina.

“Crescemos jogando War, Banco Imobiliário e Jogo da Vida. Nos treinaram para sermos capitalistas (e não cooperadores), para naturalizarmos a guerra (e não a paz) e para cumprirmos um roteiro de vida que faz a roda do sistema girar”, frisa Thays. “Para ter um talento, desenvolver uma habilidade ou fazer algo muito bem-feito, o gênero, raça e o físico não são determinantes”, acrescenta ela.

Duelo

O 7famílias é o primeiro jogo lançado pela \uia/ com financiamento coletivo. A empresa criou, em maio de 2020, o jogo de argumentação Duelo, que convida o jogador a ser quem ele quiser: Ruth de Souza, Malala Yousafzai, Bob Marley, Angela Davis, Paulo Freire, Saci Pererê, Mandela. São 100 cartas de personagens e 60 cartas de ações inusitadas, com o objetivo mágico de “um vestir a pele do outro”, sintetiza Marina.

O site da \uia/ comercializa, na “curadoria de jogos incríveis”, os jogos Librário, Baobá (jogo dos Orixás) e kit feminista (Incríveis Inventoras e Triunfo), desenvolvidos por parceiros que também levantam a bandeira da diversidade e inclusão.

“Nossa proposta é interação lúdica que traga à tona temas relevantes. Não buscamos respostas fechadas, mas queremos jogar luz sobre isso e refletir com a esperança e a possibilidade de nos tornamos uma sociedade mais inclusiva e plural”, declara Thays.

Se liga no recado da querida Thays, sobre o 7famílias. Apoie essa iniciativa:

https://www.youtube.com/watch?v=oltgULvXrEA&t=1s